sábado, outubro 02, 2010

Porque?

Muitas vezes pensamos que não há uma escapatória, pois chegamos a um ponto em que o desespero toma conta de nossas entranhas e estacamos em meio à escuridão. Nossas vidas dependem de um suspiro de inspiração, algo que possa salvar-nos, algo que liberte desta prisão tão fria. Mesmo com várias opções à tua frente, não depara-te com a mais correta, embora todas pareçam-lhe as melhores. Fica com medo dos outros, suas sombras, que te rodeiam, fica até com medo de pisar nestas sombras, de lhes quebrar o ser verdadeiro, pois se acidente ocorrer, podes, além da liberdade, perder a alma. E a vida sem alma não seria mais que um sopro. Um sopro inocente e indolente, que nada muda, nada figura, nada imagina. Perderá para sempre no abismo da solidão o que chamas de felicidade, se é que existe, porque ficaste muito tempo sem ter notícias dela.
Fica sentado, não deitado, deitar descansa, e não queres descansar, apenas observando como as vidas lá fora se movimentam, como tudo é tão irritantemente e insignificantemente e perfeitamente belo. Como a vida lá fora é movimentada, mesmo que num dia chuvoso monótono, mas mesmo assim, mais feliz que você. Pensas por um segundo em abandonar tudo e juntar-te à chuva, pois já que ela traz tanta felicidade às plantas, poderia pelo menos trazer-te um pouco de movimento. Mas a força é pouca e a vontade menor ainda. Não vês outra solução a não ser ficar trancado com teu conforto habitual, calor fingido e iluminação falha.
E é aí que te perdes, e é aí que percebes que a última luz se apagou, olha para trás e vê decepções, olha para a frente e vê iminentes erros, agora está apertado em teu próprio sentimento, sufocado pela própria mão, e agora se aproxima o terror, além do medo convencional que já era teu companheiro há décadas, pelo que parece. E este terror te consome como ácido e choras, derrete-te em lágrimas e desmorona em tua própria alma.

E me perguntas porque?

Porque tu és humano. E como tal, ama demais.

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