sexta-feira, novembro 26, 2010

Quem quer comprar meu sonho?

O que é um sonho? Provavelmente ninguém parou para pensar neste assunto, pois consideramos este conceito tão trivial quanto respirar. E nem nos damos conta de que sonhar é tão, ou até mais importante que respirar.
Para quem não gosta de esperar "A Grande Família" terminar, no horário nobre da Globo, ao superar este horário, terá uma grata surpresa. A série global "Clandestinos - O sonho começou" abriu meus olhos e minha mente, por fazer com que, simplesmente e até toscamente, os sonhos das pessoas sejam reavivados e tenhamos consciência das nossas próprias aspirações.
A série fala sobre um diretor de teatro fracassado e sua assistente, que querem produzir uma peça revolucionária. A ideia principal é reunir pessoas de todos os tipos, por meio de uma audiência gratuita, e fazer uma seleção com elas, baseada em uma apresentação livre de 90 segundos, com o objetivo de captar as histórias trazidas pelas pessoas, ou seja, montar o roteiro da peça contendo personagens, falas e histórias sugeridas pelas experiências reais de cada candidato. Muitos deles falam sobre sua história de amor pela interpretação e sobre seus sonhos de serem atores. Mas o episódio de ontem realmente deixou-me com os olhos brilhando.
Sim, já frequentei aulas de teatro e sei como é gostoso deixar de ser quem você é para poder viver numa espécie de mundo paralelo, onde você pode ser quem você quiser. Confesso que esta série me deu saudades do meu tempo de teatro, que foram bons 2 anos da minha vida. Mas teatro à parte, o que o episódio de ontem retratou foi a história de um ator que conheceu a mulher de sua vida em uma peça, na qual ele interpretava Dom Quixote e ela estava na plateia. Ela era cirurgiã cardíaca e, depois de alguns dias se conhecendo, juntamente com os amigos, ela teria um transplante para operar. Ele acompanhou-a ao hospital e conheceu o senhor que estava na fila de espera. O transplante foi um sucesso e, enquanto acontecia, o rapaz relatava a tensão da família na sala de espera. Logo após a operação, ele declarou seu amor por ela, dizendo que não havia nada mais encantador do que salvar uma vida. Tiveram um filho, o qual foi chamado de Miguel, em homenagem ao autor de Dom Quixote, mas com os compromissos médicos da mãe, quem teve que cuidar da criança foi o pai. Disse que havia virado dona de casa, babá e esposa. Quando já estavam estabilizados, o rapaz começou a procurar emprego, mas a mulher havia inscrito-o na seleção dos "Clandestinos", à qual relutou em aceitar, pois afirmava que teatro não dava dinheiro. Sua mulher decepcionou-se com ele, porque estava desistindo do seu sonho. logo após a discussão do casal, ela recebeu um telefonema do hospital, que dizia que o senhor em quem ela havia operado o transplante precisava fazer uma cirurgia reparatória, padrão, mas que requeria uma certa urgência. Ao chegar ao hospital, o rapaz novamente acompanhando, encontraram o senhor se recusando a fazer a operação de reparação, pois afirmava que não adiantaria mais, que nada era para sempre. Quando o senhor começou a encaminhar-se para a saída, o rapaz tirou um ukulele da bolsa que carregava e começou a cantar "Sonho Impossível", de Chico Buarque. Ao ouvir as estrofes cheias de incentivo, o senhor chorou de emoção e aceitou fazer a operação, que também foi bem-sucedida. Após dar este exemplo, o rapaz acreditou novamente em seu sonho e decidiu se apresentar na seleção de "Clandestinos".
Muitas pessoas sonham em conquistar a felicidade. Uma vez, uma pessoa que tem um lugar muito especial no meu coração, me perguntou, via internet: "O que você faria: lutaria pela felicidade ou deixaria de ser feliz só pra não precisar lutar?". Muitas vezes obstáculos impedem nossa felicidade, mas temos tanto medo, ou preguiça mesmo, que nem tentamos desviar deste obstáculo, fazendo-o crescer diante de nós e desviando-nos do nosso sonho. Há de ser bravo, corajoso para seguir um sonho, para conseguir superar todas as dificuldades que ele te propõe. Porque convenhamos, sonhos são complicadores da nossa vida, mas que nos ajudam a viver, ajudam a manter nosso espírito e nossa alma em harmonia e faz com que tenhamos algo chamado perseverança.
Gostaria mesmo de falar tudo o que tenho para falar sobre sonhos nesta postagem, mas já está ficando longa e cansativa. Por isso, quero finalizar com um pedido. Sonhem, mesmo que falem que nunca conseguirão alcançar seus objetivos, sintam o que é sonhar e vivam como se estivessem no seu mais íntimo e profundo sonho, porque só então saberão como é ser quem quiser, como no teatro.

"Sonhar mais um sonho impossível
Lutar, quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar, quando a regra é vender"
Chico Buarque

domingo, novembro 21, 2010

Caminhos incertos

Para onde vou, se seguir esta trilha? Ao desespero, à solidão, à pura e fria desolação? Ou à luz, ao brilho que me chama certeiramente pelo que não fiz, ou fiz em excesso? Só o tempo me dirá a resposta, mas tenho que me arriscar de alguma maneira.
E me arriscarei, na mais improvável das possibilidades. Nos caminhos incertos que se abrem à minha frente não há volta, nem desvio. Há apenas o que os meus olhos veem, e nada mais.
Acho que estou com medo. Pela primeira vez em minha vida, sinto o medo real da indecisão. E esse medo é o que há de mais forte e me controla como uma marionete, uma fraca e vulnerável marionete! Controla-me erroneamente, fazendo meus passos vacilarem e tropeçarem em invisíveis rochas que se levantam à minha frente, pois não posso detê-las. Apenas posso esperar a batida, o baque monumental que sei que irá vir, apenas não posso prever. Afinal, tenho sempre que olhar pra frente, independentemente da tortuosidade ou das intempéries ou do relevo. Tudo isso tem apenas que me dar motivação para seguir em frente, saber que pode ter algo muito importante esperando-me, pulsando e vivo, como o que há dentro de mim. Sim, meu medo pulsa, bate a cada passo meu, que agora começam a rarear e desacelerar, fazendo aumentar cada vez mais meu temor e ansiedade. Anseio pelo bom, pelo sorriso e pela felicidade, mas não sei. Não sei o que pode estar do outro lado. Por isso, não quero mais seguir. Estou mais confortável aqui do que indo para onde não conheço.
É difícil escolher entre duas opções tão contraditórias. Mas acho que consigo um solução. Enquanto isso, fico no meio do caminho...

sábado, novembro 13, 2010

Sou um alheio

Agora estou real e inexplicavelmente confuso. Não há como negar que defendo meus pontos de vista, mas muitas vezes, exagero. Deveria parar apenas nos meus argumentos, pois não, avanço sempre para pegar no ar pontos de vista alheios, até alheios à humanidade, apenas para provar o improvável. Sim, estão todos certos e eu o único errado da história inteira. São nestas horas que me sinto o culpado pelas bombas do Japão. E sinto que cada vez mais sou o culpado pela dor no coração dos outros, pelo que tanto os outros sofrem, pelas tuas desventuras, que acompanho com tanto interesse, mas não posso fazer-me de rogado e aguentar manter algo saudável, sem richas nem discussões tolas sobre sentimentos, apesar de saber que elas não levarão a nada, nem ao que eu quero, muito menos ao que você quer. Aliás, o que você quer? Não pretendo fazer uma ofensa com esta pergunta, mas sim uma indagação no mínimo curiosa. Encanto-me por ti pelo que há de secreto, o que tu não revela, o que está dentro do envelope tão bem selado. Teus sentimentos internos, tua mente, e principalmente, teus pontos de vista, me interessam muitíssimo, pois vejo que és diferente de outras pessoas que apenas falam, mas não acreditam no que dizem.
Como fogo, sou perigoso para quem chega perto, mas apenas jogue um pouco de água que logo deixo de existir. E você tem medo do meu calor, só que sempre, em nossas discussões, és a água que me cobre e me deixa sem expressão alguma... Tanto que tenho que pegar oxigênio externo para tentar continuar a ser uma faísca perto de ti. É isso que faço, tento resistir ao poder destrutivo que tens sobre mim, mas acontece que és sempre mais forte, e caio em desgraça. Só depois percebo que o que fiz foi errado, tens sempre a razão e eu, sou um mero amador a querer discutir sobre estes temas contigo. E sempre falo que não minto... Começo a mentir por aí, pois também sempre falo que teus conceitos são vãos. São válidos, e diria mais, são os mais corretos. Eu que teimo em apostar em meu mundo onírico e simplesmente banal.

"Agora vejo em parte,
Mas então veremos face a face..."

quinta-feira, novembro 11, 2010

A palavra...

Dignidade. É o que lhe falam para ter. Dignidade e virtudes. Dignidade é reconhecimento. É orgulho e prudência. Quer algo mais digno que um amor verdadeiro? O amor verdadeiro é algo para se orgulhar, algo para ser feliz, algo para brilhar. Mas mesmo assim, há algo mais digno que amor verdadeiro. Um amor impossível e verdadeiro! Isso sim, provoca a procura, o furor apaixonado e o marejar dos olhos, aquela sensação de fogo mais forte que a chama natural queimando não apenas teu corpo, mas teu coração, tua mente e tua alma. E você não consegue controlar, domina-te por completo até você considerar aquela criatura o motivo de teus sorrisos. O céu e a terra, o mar e o Sol, a Lua e as estrelas não mais se comparam à beleza do ser que faz com que teus sentidos se invertam. Muitas definições já foram dadas ao amor. Em meu mais puro conceito, diria que o amor é o fascínio que duas pessoas têm pelo que há de mais secreto nelas. Às vezes, procuramos tão incessantemente a resposta para uma das mais intrigantes perguntas da humanidade, sem perceber que a solução está ao alcance do coração.
Mas sinto algo que nunca senti, algo que me dá uma dor profunda, mas mesmo assim, sou obrigado a aguentar, para não oferecer uma dor maior para quem eu amo. Sinto, e sinto ao extremo, um nunca se aproximando, a palavra mais detestável, mais digna de asco que meus ouvidos já tiveram o desprazer de escutar. Digno... então dignidade é relativa. Pois não me orgulho nem um pouco em ter ouvido esta palavra uma vez na vida, ainda mais perceber sua chegada. Já senti o nunca, mas não tão profundamente. Sinto seu cheiro. E, pelo incrível que pareça, ele tem o perfume da criatura que me faz feliz. Mas é um perfume angustiante, porque não posso ter o amor comigo. Está tão perto, porque não posso tocá-lo? E um amor assim é o impossível, o que se pode sentir, mas não se pode tocar. E este amor é verdadeiro quando esta dor tão profunda encrava no teu peito e não sai mais. Isso é digno. Mas não posso reclamar. Tenho-a, embora não como meu coração exige. E é esse nunca que é o pior. O nunca parcial, pois o perto torna-se longe.
O amor não torna os seres humanos idiotas nem infelizes. Ora, o amor é considerado o sentimento mais nobre que um coração pode sentir! Deveria deixá-los felizes! Mas não. Muitos ainda temem amar. Pensam que amar irá estragar tudo o que há relacionando os dois seres. Amizade e amor. Dois sentimentos que se completam, não é? Um não vive sem o outro. Porque muitos ainda teimam em querer confundir amor e amizade, se ambos mixam-se tão bem?
Tenho uma teoria sobre o amor. Pessoas têm medo dele pelo que ouvem, não pelo que experimentam. As experiências amorosas nunca podem ser ruins, se forem, não são amorosas. A amizade é amor também, um amor compartilhado, confiança mútua, mas sem a intensidade do sentimento verdadeiro. O amor é a única coisa que pode fazer com que sentimentos se transformem.
Afinal, não existe melhor tipo de ser humano do que aquele que está apaixonado.