sexta-feira, setembro 14, 2012

Escape

"But I'll still take all the blame
Cos you and me are both one and the same
And it's driving me mad"
                                              Muse

Eu nunca entendi o amor por completo. Já me disseram muitas coisas sobre ele, muitas das quais, aliás, eu nunca acreditei, pois simplesmente não aceitava que isso podia ser a verdade. Hoje começo a compreender um pouco mais, só que já perdi minha capacidade juvenil de julgamento de sentimentos. Se a compreensão viesse na adolescência, com certeza teríamos jovens menos impulsivos e adultos menos arrogantes e insensíveis. Às vezes chego a pensar que perdi todos os sentimentos, que nunca poderei amar de novo. Às vezes esse pensamento se prova errado, às vezes se prova absolutamente verdadeiro. E eu sou a fita presa no nó bem no meio da corda, que é constantemente puxada, de um lado para o outro, de um lado para o outro, sufocando a cada puxão.
Eu pensava que a resposta era fácil. Simples. Ame-a e pronto, é tão fácil amar! No final nada é tão simples, é? Naquela dourada época eu via a vida passar diante dos meus olhos com tanta sutileza e, paradoxalmente, com tanta intensidade que me deixava maravilhado a proposta que esta entidade que nos dá alma me ofereceu ao sussurrar no meu ouvido "vá e ame". E eu amei, sem saber de nada, sem QUERER saber de nada. O amor me parecia algo tão puro, tão singelo, tão focado, tão sublime que eu me entreguei, sem nem pensar que aquilo não dependia só de mim. Só que no exato momento que eu percebi que não, não dependia só de mim, eu tremi. E a criança chorou. E, como todos os choros são acompanhados de crescimento, a criança cresceu, e com o crescimento veio o aprendizado. Mas com relação ao amor ninguém aprende, não é mesmo?
A vida sempre me ensinou direitinho a nunca confiar demais, a sempre esperar TUDO de TODOS, sendo que a qualquer momento qualquer um pode te surpreender. E eu aprendi isso da pior forma possível. Por isso sei que hoje eu sou uma pessoa muito diferente de, digamos, 5 anos atrás, quando ainda tinha o impulso e o fervor adolescente. Hoje sei que se eu não tomar decisões baseadas na razão e depois de profundas reflexões sobre os hipotéticos benefícios e os prováveis prejuízos, irei certamente me surpreender, e, convenhamos, quantas surpresas negativas não temos nesta vida? O suficiente para nos refrear antes de decidir algo que pode mudar nossa vida. Hoje em dia eu tenho a consciência de que as pessoas me têm como uma pessoa "pé-atrás", desconfiada, objetiva, racional, até certas vezes insensível.
Mas afinal, não, não quero fugir. Nunca poderia, nunca conseguiria... Novamente. Encaro de peito aberto as imposições que a vida coloca sobre mim e agora sei que não posso simplesmente escapar de meu destino, se é que reservaram algum para mim. Porque eu sei que se para todos existe uma alma gêmea, há para mim também. E está perto, sinto isso. Porque somos um ser só, tuas angústias são as minhas, tuas tristezas são as minhas. Tuas alegrias são as minhas. Um só coração que compartilha as estrelas do céu. É isso. Temos algo que sempre será o mesmo para os dois. O céu, o brilho das estrelas, o encantamento da Lua. Mesmo você aí e eu aqui sempre teremos o mesmo firmamento sobre nós.
Eu aprendi. E espero que você também aprenda e veja. Somos um. E um ser não pode se separar de si mesmo... Por mais que o mundo e nossa própria mente diga o contrário. Venha comigo e me torne completo.