sábado, outubro 30, 2010

Feeling Good


Nina Simone
Os pássaros que voam alto sabem como me sinto
O Sol no céu sabe como me sinto
Os canaviais se balançando sabem como me sinto
É uma nova aurora, é um novo dia, é uma nova vida pra mim
E me sinto bem

Os peixes no mar sabem como me sinto
O rio correndo livre sabe como me sinto
As flores nas árvores sabem como me sinto
É uma nova aurora, é um novo dia, é uma nova vida pra mim
E me sinto bem

Libélulas soltas no céu
Sabem o que quero dizer, não sabem?
Borboletas se divertindo
Sabem o que quero dizer
Dormem em paz
Quando o dia termina
E este velho mundo é um novo mundo e um corajoso mundo para mim

Estrelas, quando brilham, sabem como me sinto
A essência de pinho sabe como me sinto
Sim, liberdade é a minha vida
E você sabe como me sinto

É uma nova aurora, é um novo dia, é uma nova vida pra mim
E me sinto bem.

terça-feira, outubro 26, 2010

Faça uma reverência

(Adaptação de letra de música)
Corrupto! Traz corrupção a tudo o que toca, e os contemplará por tudo o que já fez. Lance um feitiço sobre o país que comandas, e assim arriscará todas estas vidas, e queime, queime no inferno, no mais profundo e miserável, por todos os teus pecados. Nossa Liberdade está se auto-consumindo, e o que nos tornamos é o oposto do que desejávamos. Faça uma reverência a toda essa miséria, e contemple, e se subordine.
Traz morte e destruição a tudo o que toca.
Deverás pagar pelos crimes que cometestes contra a Terra, contra nós. Alimente as falhas do país que amas, e implore por todas estas almas.
Aí sim poderás queimar. Queimar no inferno junto com teus pecados e levar todos junto contigo.
Só então poderás reverenciar. Ao autor real de tudo o que causastes. À tua alma.

domingo, outubro 17, 2010

Som da alma


Baseado em fatos reais

Calma, a bela jovem observava de longe o andar nas ruas agitadas, chuvosas e poluídas da cidade grande. Desde que chegara do interior, nunca mais teve a paz que queria, ou que poderia ter. Mas gostava de apreciar a multidão, as cores, mesmo que majoritariamente cinzentas, os rostos das pessoas, e imaginava se um dia ainda iria voltar para sua cidade natal, pequena, mas linda cidade, que lhe ofereceu tudo que precisava na infância.
Sua paixão estava verdadeiramente no som. O rádio era seu companheiro para todas as horas, tanto que até chegou a divulgar sua voz pelas ondas da rádio de sua cidade. Mas ao partir para a cidade grande, abandonou o radialismo por questões puramente práticas. Mas nunca deixou o amor à música de lado. Porém, os sons da cidade grande conseguiam abafar seus ouvidos tão acostumados à calmaria e às notas puras que ouvia do seu aparelho de rádio.
Trabalhava, desde a mudança, na parte administrativa de um sindicato. Não era nem perto de onde ela queria chegar, mas era o que estava disponível. Ela queria fazer uma faculdade, completar os estudos e mudar a monotonia de onde vivia. Queria dar valor à sua criatividade, queria publicidade. Queria, além de tudo, algo pelo que valesse a pena lutar.
A calmaria, na verdade, apenas escondia uma profunda angústia, à qual não sabia nomear. Toda aquela dinamicidade ali, na frente dela, algo lhe incomodava. Não encontrava o que queria, tudo parecia desorganizado, e sua mente já não trabalhava com a liberdade de antes. Sufocava-se cada vez que pensava na possibilidade da falta de ar, e não imaginava como poderia sair daquela situação desconfortável. Chegou a desistir. Sim, desistir de tudo, de pensar, de tentar, de viver.
Mas justamente quando estava chegando ao fundo de sua decepção e depressão, aconteceu algo que mudou seu ser. Uma música, justamente em seu aparelho de rádio, tão amado aparelho de rádio, que soava em seus ouvidos como um não desista e aproveite o que a vida tem a lhe oferecer. Sentiu um calor no seu corpo que espantou toda a frieza da angústia. Seus olhos voltaram a brilhar, e até a cidade ganhou cores vívidas. Nunca tinha escutado aquela banda, mas sabia que era sua salvação.
Sabia que poderia voltar a sorrir, mesmo estando presa à monotonia. Porque tinha a música como companheira.

sexta-feira, outubro 15, 2010

O Não

Minhas experiências sociais estão aumentando. Tanto que posso fazer afirmações espetacularmente verdadeiras quanto à convivência entre pessoas de diversos tipos, idades e ideais. E algumas delas podem até impressionar-te, caro leitor. Sempre me considerei um observador, aquele que gosta de ficar calado para prestar atenção em cada detalhe do que a pessoa à minha frente fala, ou faz. Aquele que reconhece que qualquer mínimo movimento, qualquer palavra colocada erroneamente, qualquer vício, qualquer suspiro, por menor que seja, é digno de apreciação crítica, análise e que querem dizer algo, independente do que. Em uma dessas minhas observações, constatei um fato muito interessante de todos os seres humanos, por melhor que seja sua alma, é que todos estão viciados com uma palavra: o "não".
Palavra curta, fácil de falar (bem mais fácil que o "sim", já que, em português, há apenas uma consoante e duas vogais ditas em sequência, à medida que o "sim" tem duas consoantes separadas por uma vogal, e no inglês, o "não" é mais curto que o "sim") e que tem uma gama infinita de significados. Agora o atencioso leitor pode indignar-se, pois segundo a sabedoria geral, "não" é "não", sem outros significados. Mas segundo a psicologia humana e como o cérebro interpreta a fala dos similares, o "não" pode ter diversos caminhos.
Uma criança, quando ouve um "não", impele-se contra a barreira e insiste até ouvir uma resposta satisfatória. Quando a mesma criança diz "não", ela sente as barreiras que a impedem de sentir satisfação crescerem para cima dela, sufocando-a e deixando-a sem escapatória. O choro é a tentativa de escapar da prisão da insatisfação, por mostrar para a mãe que a criança não está gostando de tal situação, por exemplo, quando a mãe tenta forçar a criança a comer legumes. Sendo as crianças um modelo espiritualmente puro dos adultos, creio que o "não" também é a nossa escapatória. E se é mesmo escapatória, então tentamos fugir o tempo inteiro, pois é impossível deixar de dizer "não".
Uma experiência psicológica bem fácil e certeira é reunir seus amigos e, enquanto vocês estão reunidos, vale a regra de que é proibido dizer "não", caso contrário, cada "não" vale um risco de caneta no rosto de quem disser. Eles vão tentar fazer o combinado, mas é inevitável que pelo menos um deles saia com a cara toda maquiada. No mundo atual, o "não" está mais presente que o ar, é mais vital que a água. E se deixarmos de ser cautelosos, deixaremos o "não" dominar nossas vidas, e negaremos até nossos amigos, nossa família.
Posso ser muitas coisas, menos psicólogo. Sou um entusiasta do bem-estar e como tal, procuro jeitos saudáveis e gratuitos de manter a auto-estima e a sociabilidade. Por isso, vai aí o meu conselho: deixe de lado a "arte de dizer 'não'" e faça como o personagem de Jim Carey. Diga "sim" e veja as coisas incríveis que irão lhe ocorrer!

Peace All!

sábado, outubro 02, 2010

Porque?

Muitas vezes pensamos que não há uma escapatória, pois chegamos a um ponto em que o desespero toma conta de nossas entranhas e estacamos em meio à escuridão. Nossas vidas dependem de um suspiro de inspiração, algo que possa salvar-nos, algo que liberte desta prisão tão fria. Mesmo com várias opções à tua frente, não depara-te com a mais correta, embora todas pareçam-lhe as melhores. Fica com medo dos outros, suas sombras, que te rodeiam, fica até com medo de pisar nestas sombras, de lhes quebrar o ser verdadeiro, pois se acidente ocorrer, podes, além da liberdade, perder a alma. E a vida sem alma não seria mais que um sopro. Um sopro inocente e indolente, que nada muda, nada figura, nada imagina. Perderá para sempre no abismo da solidão o que chamas de felicidade, se é que existe, porque ficaste muito tempo sem ter notícias dela.
Fica sentado, não deitado, deitar descansa, e não queres descansar, apenas observando como as vidas lá fora se movimentam, como tudo é tão irritantemente e insignificantemente e perfeitamente belo. Como a vida lá fora é movimentada, mesmo que num dia chuvoso monótono, mas mesmo assim, mais feliz que você. Pensas por um segundo em abandonar tudo e juntar-te à chuva, pois já que ela traz tanta felicidade às plantas, poderia pelo menos trazer-te um pouco de movimento. Mas a força é pouca e a vontade menor ainda. Não vês outra solução a não ser ficar trancado com teu conforto habitual, calor fingido e iluminação falha.
E é aí que te perdes, e é aí que percebes que a última luz se apagou, olha para trás e vê decepções, olha para a frente e vê iminentes erros, agora está apertado em teu próprio sentimento, sufocado pela própria mão, e agora se aproxima o terror, além do medo convencional que já era teu companheiro há décadas, pelo que parece. E este terror te consome como ácido e choras, derrete-te em lágrimas e desmorona em tua própria alma.

E me perguntas porque?

Porque tu és humano. E como tal, ama demais.