sexta-feira, outubro 15, 2010

O Não

Minhas experiências sociais estão aumentando. Tanto que posso fazer afirmações espetacularmente verdadeiras quanto à convivência entre pessoas de diversos tipos, idades e ideais. E algumas delas podem até impressionar-te, caro leitor. Sempre me considerei um observador, aquele que gosta de ficar calado para prestar atenção em cada detalhe do que a pessoa à minha frente fala, ou faz. Aquele que reconhece que qualquer mínimo movimento, qualquer palavra colocada erroneamente, qualquer vício, qualquer suspiro, por menor que seja, é digno de apreciação crítica, análise e que querem dizer algo, independente do que. Em uma dessas minhas observações, constatei um fato muito interessante de todos os seres humanos, por melhor que seja sua alma, é que todos estão viciados com uma palavra: o "não".
Palavra curta, fácil de falar (bem mais fácil que o "sim", já que, em português, há apenas uma consoante e duas vogais ditas em sequência, à medida que o "sim" tem duas consoantes separadas por uma vogal, e no inglês, o "não" é mais curto que o "sim") e que tem uma gama infinita de significados. Agora o atencioso leitor pode indignar-se, pois segundo a sabedoria geral, "não" é "não", sem outros significados. Mas segundo a psicologia humana e como o cérebro interpreta a fala dos similares, o "não" pode ter diversos caminhos.
Uma criança, quando ouve um "não", impele-se contra a barreira e insiste até ouvir uma resposta satisfatória. Quando a mesma criança diz "não", ela sente as barreiras que a impedem de sentir satisfação crescerem para cima dela, sufocando-a e deixando-a sem escapatória. O choro é a tentativa de escapar da prisão da insatisfação, por mostrar para a mãe que a criança não está gostando de tal situação, por exemplo, quando a mãe tenta forçar a criança a comer legumes. Sendo as crianças um modelo espiritualmente puro dos adultos, creio que o "não" também é a nossa escapatória. E se é mesmo escapatória, então tentamos fugir o tempo inteiro, pois é impossível deixar de dizer "não".
Uma experiência psicológica bem fácil e certeira é reunir seus amigos e, enquanto vocês estão reunidos, vale a regra de que é proibido dizer "não", caso contrário, cada "não" vale um risco de caneta no rosto de quem disser. Eles vão tentar fazer o combinado, mas é inevitável que pelo menos um deles saia com a cara toda maquiada. No mundo atual, o "não" está mais presente que o ar, é mais vital que a água. E se deixarmos de ser cautelosos, deixaremos o "não" dominar nossas vidas, e negaremos até nossos amigos, nossa família.
Posso ser muitas coisas, menos psicólogo. Sou um entusiasta do bem-estar e como tal, procuro jeitos saudáveis e gratuitos de manter a auto-estima e a sociabilidade. Por isso, vai aí o meu conselho: deixe de lado a "arte de dizer 'não'" e faça como o personagem de Jim Carey. Diga "sim" e veja as coisas incríveis que irão lhe ocorrer!

Peace All!

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