terça-feira, março 23, 2010

A Décima Segunda Badalada

Sim, fellas, este é mais um texto meu.
Esse texto foi uma proposta de atividade de redação que eu fiz na minha escola, há 3 anos atrás. (Daqui a pouco vão começar a perguntar minha idade). Eu pessoalmente gostei muito desse texto, que junta todas as características que geralmente estão presentes nos meus contos. Foi a partir desse texto que eu resolvi permanecer no gênero suspense.
Espero que gostem.


Náuseas de ressaca invadiram meu estômago. De olhos abertos, vislumbrei um lugar totalmente desconhecido, dentro de um quarto. Parecia-me estar num hotel. Levantei-me e pus os pés em um belo tapete persa. Minhas limitações financeiras não podiam nem sonhar com tal objeto. Um sofá de camurça, parecia novo, intacto e muito confortável estava posto ao canto. Era de manhã e a bela Cidade-Luz já não brilhava no horizonte, embora as cordas de Quasimodo parecessem sacudir os sinos de Notre Dame mais fortes do que nunca na minha cabeça. Minha boca estava com uma sensação adstringente, como se tivessem jogado limão, vinagre e um pouco de sal dentro dela.
Desci à recepção como se nada tivesse ocorrido. Entreguei as chaves ao balconista e saí. Estava há sete meses num curso de intercâmbio em Paris, meu francês estava bem evoluído, mas não bom o bastante para sair falando. Sabia o que fazer, ia procurar a razão de estar num lugar ádvena e fora de minha realidade. Andando pelas ruas da cidade, tentava lembrar-me do que tinha ocorrido noite passada para entrar nesta cidade. Cartazes e letreiros trouxeram-me a verdade. Estava em Auxèrre, nas redondezas de Paris. Peguei um táxi e parti para a capital já com tudo planejado.
Cheguei perto da Eiffel e comecei a subir. Escalei-a com vontade e sabia que tinha deixado algo por fazer. Cheguei ao topo. A cena estava como minha mente podia, ao máximo, reconstruir. Os corpos estirados, as garrafas vazias na estrutura. Uma das garrafas ainda tinha conteúdo. Mandei pra dentro. A tontura matinal voltou à cabeça. Isso me deu coragem. O céu parisiense estava nublado e cinzento. Nem parecia mais Cidade-Luz. O caos tomava conta de mim, o coração palpitava, mas isso não importava agora. A minha cabeça girava, e o mundo também, debaixo de meus pés. Meio-dia, os sinos da Notre Dame voltaram a tocar. Joguei-me. Abri os braços como se fosse voar. Fechei os olhos. A última coisa que percebi foi a décima segunda badalada.

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