segunda-feira, dezembro 26, 2011

Fim


O fim é algo deveras misterioso. Esperado, temido e completamente fascinante. É no fim que as coisas se mostram estupendas, que os segredos se revelam, que acontece o que não estávamos (ou até estávamos) esperando. Um filme só acaba com a conclusão do enredo, muitas vezes uma conclusão inesperada, surpreendente, com um fundo moral ou então quando finalmente acontece tudo aquilo que os espectadores estavam aguardando desde o início. Em uma música, no finalzinho podem acontecer várias coisas, desde um fade-out discreto para um fim charmoso até uma mudança completa de ritmo, pegando o ouvinte de surpresa, ou até o fim de uma música pode emendar no começo de outra... Nada se sabe sobre o fim, só se sabe que ele é interessante, até acontecer. Depois torna-se motivo de discussão, descaso, riso, reflexão ou até mesmo, tédio. Já ouvi muitas vezes falar sobre o fim. O fim da vida. O fim do mundo. E sempre olhei esse assunto com curiosidade, pois é o que o ser humano procura. Coisas que ele não entende e nem nunca irá entender, mas que gosta de confabular sobre, gosta de pensar como é a realidade daquilo que ele só experimentará uma vez.
É engraçado como é rápido. Uma vida se passa na frente dos nossos olhos feito um jato, mas o fim da mesma se demora. Já disse um cara lá do passado que ainda influencia muita gente hoje e cujo nome é implícito em tudo: "Daquele dia e hora, ninguém sabe nada". Portanto, nunca poderemos afirmar quando virá. Sim, esta passagem muita gente pode constatar de pés juntos que trata-se sobre o Apocalipse, o Fim do Mundo e tudo isso, mas não me deixo persuadir tão fácil assim. Este Fim do Mundo coletivo provavemente só existe na imaginação das pessoas. Eu acredito em algo bem mais simples e abstrato, como a vida o é. Tudo isto que se fala em alta escala sobre o Fim do Mundo, para meu entendimento, nada mais é do que o anúncio do fim do mundo de cada um, ou seja, a vida de cada um, o fim individual e contínuo. Ora, nunca sabemos que dia ou hora iremos terminar nosso caminho, e tudo o que é falado pelos quatro cantos do mundo podem confirmar isto que digo agora. Todos sabem que os escritos religiosos são todos (TODOS) muito simbólicos e figurativos, sendo que menos que 10% do que está escrito literalmente ocorreu na história. Creio que ainda há muito a contar. Por exemplo, a passagem citada acima pode ser um aviso, um cuidado tomado pelo locutor para avisar sobre suicídios, pessoas que queriam decidir o horário do próprio fim. Não chega nem perto de uma frase decisiva, que desdenha a capacidade humana de decidir sobre si próprio, mas sim um conselho para que isto não ocorra, para que a vida não seja desperdiçada antes da hora. Mesmo após isto, muitas pessoas não se atentaram, e só se prenderam ao aviso do tal Fim do Mundo. Tanto que chegaram falsos profetas, como disse aquele cara que viriam, e decidiram chutar uma data para o Fim do Mundo, mas que esta estaria baseada em conceitos científico-teológicos. Nostradamus, sacerdotes de religiões diversas, Da Vinci, Newton e até Einstein já tentaram adivinhar a tão esperada e temida data, em vão. O fim do mundo deles aconteceu antes do que eles previram.
Acho que muitos se preocupam com algo tão insignificante que, depois de acabado, só vai virar motivo de discussão, descaso, riso, reflexão... Ou tédio. Não se sabe, não é? O que nos resta é viver novas experiências a cada dia, para que nossa passagem por aqui valha a pena. Quem sabe não teremos outra lá pra frente? Só sei que o fim jamais será o fim, até ele chegar, e quando ele chegar, chegará feito um ladrão, de madrugada, quando estivermos dormindo, não poderemos fazer nada. Mas por enquanto, o fim está apenas nas nossas cabeças, e vamos deixar ele lá escondidinho, guardado dentro da cachola... Quem sabe a gente não o esquece? Quem sabe, se assim for, o próprio fim não tenha um fim? E se o fim só existir em nós? Nunca se sabe.

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