
Sonho com frases. Frases que me fazem pensar, refletir, convergir. Frases que em minha cabeça e em meus sonhos, tornam-se versos, e esses tornam-se poesia, declamada, cantada ou trovada. Poesia que enche meus pulmões e que, na expiração, é substituída por sentimento, que percorre meu sangue. Frases completas ou reticentes, mas sempre juntas, uma seguindo-se da outra, numa extensa corrente de sabedoria e deleite. Juntas para proferir o bem ou o mal, mas juntas, sempre em reunião paragrafal inexorável.
Sonho com parágrafos. Com a forma livre, com o bem querer de cada linha que os formam e não limitando-se a bordas de página, mas sim, extravazando as fronteiras de minha mente, e que esta não sirva apenas de refratário, mas sim, de espelho, para disseminar a verdadeira poesia contida nestas estrofes, e, para que, ao encontrar outro espelho e mirar-me de fronte a ele, multiplique infinitamente a imagem das letras, palavras e frases reunidas, como se todas estivessem grudadas a mim e me guiassem para um abismo literal e literário.
Sonambulismo domina-me agora. E sei que será minha última aventura inconsciente e, talvez, o consciente já não exista mais. Pois sei que estas palavras não são minhas, pelo menos não quando estou acordado. Mas ainda espero poder permanecer neste estado tão somente mnemônico, no qual apenas aplico o que sei e o que aprendi e deixo as palavras falarem por mim, justamente por não ter o que dizer.
Sou utopista, pois sou poeta. E como tal, sonho em não ter que usar as palavras para me expressar, mas sim as palavras me usarem para se iluminar!
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